Astrônomos
brasileiros localizam estrela semelhante ao sol
por Antonio Carlos Quinto, da Agência USP
Estrela gêmea solar tem aproximadamente a mesma massa e composição
química do sol. Fotos: Grupo de Evolução Estelar da UFRN/Divulgação
Cientistas brasileiros e do exterior acabam de anunciar a descoberta de
uma estrela com as mesmas características do sol. A CoRoT Sol 1, como foi
batizada, é atualmente a estrela gêmea mais distante na nossa Galáxia. Esta
gêmea solar, como denominam os astrônomos, tem aproximadamente a mesma massa e
composição química do sol, com uma idade aproximada de 6,7 bilhões de anos.
“Até o momento, estrelas com características similares à do sol foram
encontradas somente na vizinhança solar”, conta o professor José Dias do Nascimento
Júnior, do Departamento de Física Teórica e Experimental da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), e líder da equipe de astrônomos. O
professor Jorge Meléndez, do Departamento de Astronomia do Instituto de
Astronomia e Geofísica (IAG) da USP, também integra a equipe. Sua participação
foi essencial na determinação das abundâncias químicas de alguns elementos da
estrela CoRoT Sol 1.
Parte da equipe envolvida na descoberta integra a equipe do satélite
CoRoT, um projeto internacional que integra pesquisadores da França, Áustria,
Bélgica, Brasil, Alemanha e Espanha. O satélite fornece dados espaciais que
possibilitam determinar os períodos de rotação das estrelas. As observações de
caracterização da estrela CoRoT Sol 1 foram feitas no telescópio Subaru,
pertencente ao Observatório Astronômico Nacional do Japão, localizado em Mauna
Kea, no Havaí (EUA). As observações com o telescópio Subaru que resultaram na
descoberta foram realizadas entre outubro de 2012 e março de 2013.
Mais velha que o sol
Cientistas já haviam localizado cinco estrelas na vizinhança solar,
entre estas a HIP 56948, encontrada pelo professor Jorge Meléndez. Mas nenhuma
delas com as características da recém-descoberta. No entanto, a CoRoT Sol 1 tem
todas as características de uma gêmea, sendo a única que é ligeiramente mais
velha que o sol. Segundo o professor Nascimento, a gêmea já tinha sido
observada desde 2007 pelo satélite CoRoT e estava entre as cerca de 230 mil
estrelas observadas entre 2007 e 2012.
Com base nos dados do CoRoT os astrônomos sabiam que o seu período de
rotação é um pouco maior do que o sol, em torno de 29 dias, o que era esperado
pela sua maior idade. A informação foi confirmada com os dados do telescópio
Subaru. Além disso, os cientistas descobriram, após análise detalhada, que a
gêmea solar é de fato uma estrela com uma massa e composição química semelhante
ao sol. E por ser mais velha, é um precioso material para se estudar o futuro
do sol.
“Embora a composição química global da CoRoT Sol 1 é semelhante ao sol,
o seu padrão de abundância detalhada mostra algumas diferenças, como é também
apresentada pela maior parte das gêmeas solares próximas que são relativamente
mais brilhantes”, comenta o professor Nascimento. “A comparação da composição
química da gêmea é indispensável para sua caracterização”.
CoRoT Sol 1 está localizada na constelação do Unicornio. Ao contrário de
outras gêmeas solares, esta estrela é 200 vezes mais fraca do que a gêmea solar
mais brilhante conhecida, a 18 Sco. Somente graças à grande área de coleta do
telescópio Subaru, foi possível estudar em detalhe o espectro dessas estrelas
fracas.
Além dos professores José Dias do Nascimento Júnior e Jorge Meléndez,
participaram das pesquisas o doutor Jefferson da Costa e o professor Matthieu
Castro (UFRN); o professor Gustavo F. Porto de Mello, do Observatório do
Valongo da UFRJ; e o professor Yoichi Takeda, do Observatório Astronômico
Nacional do Japão.
(Agência USP)
FUI...
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